Meu irmão escreveu no domingo um
post ótimo sobre a Internet e todos os seus desdobramentos em nossas vidas, totalmente
influenciadas nessa nossa era pelas
redes sociais e pelos mecanismos de busca rápida (leia-se Google). Perfeito.
Não há o que criticar aqui (apesar de que a ideia inicial deste ambiente é
exatamente isso: a crítica entre os Fratelli).
Porém, de minha parte cabe um
adendo ao post: há uma questão que se encaixa na vida de todos aqueles que
estão mais ou menos na mesma faixa de idade de idade que eu e meu irmão, entre
30 e 35 anos: nossa geração, aquela que cresceu e aprendeu a viver entre as
décadas de 80 e 90, VIVEU COM E SEM A GRANDE TECNOLOGIA, VIVEU COM E SEM A
INTERNET!
Nós temos algo especial. Eu
achava que não tínhamos isso. Eu achava que nunca teríamos a chance de dizer
para nossos filhos ou netos coisas que nossos pais ou nossos avós nos diziam. Verdades,
exageradas ou não, como “na minha época não tinha essas coisas”, “na minha
época eu já trabalhava com 8 anos”, “na minha época tinha ditadura”... Europeus
ou americanos ainda podem dizer que ouviram de pais e avós coisas como “eu fui
pra guerra, eu lutei contra não sei quem...”.
É claro que nunca vamos dizer
coisas desse tipo. Afinal nossa geração nunca passou por nenhuma grande
provação de fato, seja por meio de guerra ou crise econômica realmente severa.
Mas sim, teremos histórias para contar. E vou provar isso. Perceba: assim como
é muito bem mostrado no texto anterior de meu irmão, fato é que a Internet e
suas variadas formas chegaram e dominaram o mundo! E o termo é exatamente esse:
DOMINAÇÃO!
Ninguém mais escapa da Internet.
Tudo é a Internet. Tudo está sendo feito pela Internet. Pessoas se conhecem
pela Internet e acabam se casando, muitas vezes com amor sincero. Outras até se
casam pela internet via conferência! Enfim, todos sabemos do poder e do alcance
da Internet e também sabemos do quanto tudo isso ainda vai crescer.
Agora, eis a razão de nossa
geração ser especial... Nós sempre seremos os únicos a experimentar a vida com
e sem a Internet. Nós, enquanto
crianças, fizemos trabalhos e deveres de casa sem a ajuda de internet. Mas
depois fizemos trabalhos para a faculdade com a ajuda da Internet! E mais: nós
vivemos o fim de uma era e o começo de outra, não só com relação à Internet, mas
a tecnologia em si! Vejamos outras situações:
Nossa geração brincou na rua,
jogou bola na rua (e arrancou várias pontas dos dedões fazendo isso), mas nós
também passamos horas na frente da TV jogando Super Mario. Nós nos comunicamos
sem celular, até mesmo sem telefone, mas depois usamos e abusamos do celular. Nós
apanhamos dos nossos pais, pois isso era normal... E muitos de nós, hoje em
dia, não batem nos filhos por verem em
sites ou programas de TV que isso não funciona. Nós mandamos cartas (cartas
mesmo, de papel... Aquele negócio de pôr no Correio...) para namoradinhas, e
depois cantamos meninas pelo MSN. Nós trollamos pessoas apertando as suas
campainhas e saindo correndo, hoje trollamos via Facebook... Aliás, antes
fazíamos bagunça, depois passamos a “trollar”.
Mesmo que esses exemplos pareçam
ser bobagem, coisa de criança, nada demais... Uma reflexão mais aprofundada da
essência desses fatos e o entendimento das suas inserções nas realidades
temporais a que pertencem, aliadas a necessária comparação com realidades
outras, já passadas, mostrará que nada disso é pequeno, nenhuma dessas mudanças
citadas é banal. Para perceber isso basta entender (aqui entra a história
comparada) que as mudanças na vida de nossos bisavós para nossos avós e destes
para nossos pais foram muito pequenas, isso no sentido de como a vida era
levada, como as coisas eram feitas. É
óbvio que houve mudanças comportamentais, mas todas elas foram “normais”,
típicas da passagem de uma geração para outra. Nada se compara ao que passamos,
tudo devido a Internet.
A Internet trouxe mecanismos de
busca rápida e ferramentas de interação social que, juntas, facilitaram a busca
pelo conhecimento ao mesmo tempo que acabaram com as fronteiras geográficas.
Não vamos aqui debater os efeitos colaterais disso tudo, não é o caso. O que
quero expor é que essas facilidades de hoje, por serem tão impensáveis para as
gerações anteriores, tornam nossa geração uma espécie de memória viva de um
tremendo divisor de águas. Sabemos o que é a “Idade Média” da difusão da
Informação e o que é o “Iluminismo”... Aliás, não só sabemos como hoje somos
também a vanguarda desse Iluminismo da Informação.
Tudo isso me deixa estupefato.
Sou de uma geração especial. Vi e continuo vendo uma transformação que está ocorrendo
na humanidade que é tão ou mais importante quanto a invenção da roda, o início
da agricultura, a invenção da imprensa por Gutemberg... Nada é como antes. Tudo
é conectado, tudo é virtual, tudo é INTERNET. Enquanto a humanidade existir,
assim como as invenções citadas acima, a Internet jamais sairá de nossas vidas
(e de nossos filhos, netos, bisnetos...), jamais será deixada de lado
simplesmente porque isso seria impossível. Vivemos, eu e minha geração, o fim e
o nascimento de um novo mundo. E somos protagonistas. Éramos crianças, agentes
passivos ao final de uma era. Hoje somos engenheiros, administradores,
professores, contadores, blogueiros, médicos, dentistas... Somos a motor que
está movendo o mundo. É tudo isso que me deixa estupefato. Porém, há algo que
me deixa frustrado: O que tudo isso significa? Qual o nosso papel? Sei apenas
de nossa presença numa mudança. Mas como toda essa interação funciona? Então...
Minha Frustração é saber que a resposta para essas questões surgirão... Quando
estivermos mortos.
Fratelli Nero
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