sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Um adendo ao post “Reflexão Necessária” ... E como ficar estupefato e frustrado ao mesmo tempo...




Meu irmão escreveu no domingo um post ótimo sobre a Internet e todos os seus desdobramentos em nossas vidas, totalmente influenciadas nessa nossa era  pelas redes sociais e pelos mecanismos de busca rápida (leia-se Google). Perfeito. Não há o que criticar aqui (apesar de que a ideia inicial deste ambiente é exatamente isso: a crítica entre os Fratelli).
Porém, de minha parte cabe um adendo ao post: há uma questão que se encaixa na vida de todos aqueles que estão mais ou menos na mesma faixa de idade de idade que eu e meu irmão, entre 30 e 35 anos: nossa geração, aquela que cresceu e aprendeu a viver entre as décadas de 80 e 90, VIVEU COM E SEM A GRANDE TECNOLOGIA, VIVEU COM E SEM A INTERNET!
Nós temos algo especial. Eu achava que não tínhamos isso. Eu achava que nunca teríamos a chance de dizer para nossos filhos ou netos coisas que nossos pais ou nossos avós nos diziam. Verdades, exageradas ou não, como “na minha época não tinha essas coisas”, “na minha época eu já trabalhava com 8 anos”, “na minha época tinha ditadura”... Europeus ou americanos ainda podem dizer que ouviram de pais e avós coisas como “eu fui pra guerra, eu lutei contra não sei quem...”.
É claro que nunca vamos dizer coisas desse tipo. Afinal nossa geração nunca passou por nenhuma grande provação de fato, seja por meio de guerra ou crise econômica realmente severa. Mas sim, teremos histórias para contar. E vou provar isso. Perceba: assim como é muito bem mostrado no texto anterior de meu irmão, fato é que a Internet e suas variadas formas chegaram e dominaram o mundo! E o termo é exatamente esse: DOMINAÇÃO!
Ninguém mais escapa da Internet. Tudo é a Internet. Tudo está sendo feito pela Internet. Pessoas se conhecem pela Internet e acabam se casando, muitas vezes com amor sincero. Outras até se casam pela internet via conferência! Enfim, todos sabemos do poder e do alcance da Internet e também sabemos do quanto tudo isso ainda vai crescer.
Agora, eis a razão de nossa geração ser especial... Nós sempre seremos os únicos a experimentar a vida com e sem a Internet.  Nós, enquanto crianças, fizemos trabalhos e deveres de casa sem a ajuda de internet. Mas depois fizemos trabalhos para a faculdade com a ajuda da Internet! E mais: nós vivemos o fim de uma era e o começo de outra, não só com relação à Internet, mas a tecnologia em si! Vejamos outras situações:
Nossa geração brincou na rua, jogou bola na rua (e arrancou várias pontas dos dedões fazendo isso), mas nós também passamos horas na frente da TV jogando Super Mario. Nós nos comunicamos sem celular, até mesmo sem telefone, mas depois usamos e abusamos do celular. Nós apanhamos dos nossos pais, pois isso era normal... E muitos de nós, hoje em dia,  não batem nos filhos por verem em sites ou programas de TV que isso não funciona. Nós mandamos cartas (cartas mesmo, de papel... Aquele negócio de pôr no Correio...) para namoradinhas, e depois cantamos meninas pelo MSN. Nós trollamos pessoas apertando as suas campainhas e saindo correndo, hoje trollamos via Facebook... Aliás, antes fazíamos bagunça, depois passamos a “trollar”.
Mesmo que esses exemplos pareçam ser bobagem, coisa de criança, nada demais... Uma reflexão mais aprofundada da essência desses fatos e o entendimento das suas inserções nas realidades temporais a que pertencem, aliadas a necessária comparação com realidades outras, já passadas, mostrará que nada disso é pequeno, nenhuma dessas mudanças citadas é banal. Para perceber isso basta entender (aqui entra a história comparada) que as mudanças na vida de nossos bisavós para nossos avós e destes para nossos pais foram muito pequenas, isso no sentido de como a vida era levada, como as coisas eram feitas.  É óbvio que houve mudanças comportamentais, mas todas elas foram “normais”, típicas da passagem de uma geração para outra. Nada se compara ao que passamos, tudo devido a Internet.
A Internet trouxe mecanismos de busca rápida e ferramentas de interação social que, juntas, facilitaram a busca pelo conhecimento ao mesmo tempo que acabaram com as fronteiras geográficas. Não vamos aqui debater os efeitos colaterais disso tudo, não é o caso. O que quero expor é que essas facilidades de hoje, por serem tão impensáveis para as gerações anteriores, tornam nossa geração uma espécie de memória viva de um tremendo divisor de águas. Sabemos o que é a “Idade Média” da difusão da Informação e o que é o “Iluminismo”... Aliás, não só sabemos como hoje somos também a vanguarda desse Iluminismo da Informação.
Tudo isso me deixa estupefato. Sou de uma geração especial. Vi e continuo vendo uma transformação que está ocorrendo na humanidade que é tão ou mais importante quanto a invenção da roda, o início da agricultura, a invenção da imprensa por Gutemberg... Nada é como antes. Tudo é conectado, tudo é virtual, tudo é INTERNET. Enquanto a humanidade existir, assim como as invenções citadas acima, a Internet jamais sairá de nossas vidas (e de nossos filhos, netos, bisnetos...), jamais será deixada de lado simplesmente porque isso seria impossível. Vivemos, eu e minha geração, o fim e o nascimento de um novo mundo. E somos protagonistas. Éramos crianças, agentes passivos ao final de uma era. Hoje somos engenheiros, administradores, professores, contadores, blogueiros, médicos, dentistas... Somos a motor que está movendo o mundo. É tudo isso que me deixa estupefato. Porém, há algo que me deixa frustrado: O que tudo isso significa? Qual o nosso papel? Sei apenas de nossa presença numa mudança. Mas como toda essa interação funciona? Então... Minha Frustração é saber que a resposta para essas questões surgirão... Quando estivermos mortos.

Fratelli Nero

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